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50 Anos de CEE

23 de Maio de 2013

Formação de Professores traz situações e tendências

Ao lado, as apresentações da mesa sobre Formação de Professores na Educação Básica, coordenada por Guiomar Namo de Mello, com apresentações de Denise Vaillant, Marina Nunes e Rose Neubauer (este apresentado por Guiomar).

A seguir, breve entrevista com Denise Vaillant e Marina Nunes, por Jefferson da Silveira:

Denise Vaillant, educadora uruguaia especializada em formação docente.

- Como atrair os melhores e mais preparados jovens para a carreira docente?

R: Não são os jovens mais preparados que ingressam na carreira docente, pois estes preferem as outras opções que o mercado lhes oferece e que acabam sendo mais atraentes, por questões salariais ou condições de trabalho, por exemplo. A educação está ficando com os jovens menos preparados ou que não tiveram opção melhor. Precisamos buscar alternativas, como a do Chile, em que o governo oferece bolsa para formação dos professores, mas em contrapartida este educador deve ficar, após formado, um certo número de anos trabalhando na sala de aula. Outras nações, como Colômbia, estudam fazer o mesmo, pois a falta de professores ocorre em muitos países. Acredito que apenas na Europa, em locais como Holanda e Finlândia, por exemplo, a profissão é de tal forma valorizada que não são necessários incentivos para o ingresso na carreira.

- O que o Uruguai conseguiu fazer para melhorar a qualidade docente? Como?

R: O Uruguai apresenta um quadro distinto, pois há anos todos os jovens estão alfabetizados e concluem o Ensino Fundamental. O problema persiste no Ensino Médio, e neste caso deve-se investir em Centros Educacionais profissionalizantes, com mais carga horário, ensino de idiomas, entre outros.

- Qual o papel da família em trazer jovens do Ensino Médio para a carreira docente?

R: A questão é que a família de hoje está mudada. A escola ainda pensa a família nuclear, como de outros tempos, porém na realidade atual em muitos casos a família tem somente a mãe à frente, ou somente o pai. E recentemente foi aprovado o casamento entre pessoas do mesmo sexo no Uruguai, sendo assim, daqui alguns anos a escola terá que dialogar com famílias cujos alunos têm dois pais ou duas mães. Tanto na escola como na formação dos professores estes aspectos não têm merecido a devida reflexão.

 

Opinião de Marina Nunes, da Fundação Carlos Chagas, de São Paulo (SP), sobre a valorização do professor, tema também debatido na segunda mesa:

 

Para que haja valorização do professor não se pode desprezar a questão salarial, entretanto não é possível esgotar o assunto no tema do salário. Há muitos aspectos que envolvem a valorização do professor, como as condições de trabalho e o ambiente escolar, para citar alguns. Se o educador sente-se bem na escola, há uma boa equipe de trabalho, a profissão será mais atraente. Em consequência, este professor irá transmitir isso aos alunos, e inclusive as boas experiências da escola podem motivar o jovem a tornar-se um professor. Além disso, é fundamental a boa formação do professor na universidade e sua formação continuada na escola. Veja que são muitos aspectos que influenciam, como o próprio papel que a mídia tem nesta valorização.